25 de novembro de 2015

Como nos tornamos leitores? #postagemcoletiva

Oi gente!

Continuo empenhada nos planejamentos para 2016, próximo livro e também aproveitando para escrever mais um pouco. Agora que a mente está desacelerando da rotina da faculdade e correrias do ano, a inspiração vem com tudo. E o tema de hoje veio a calhar, pois recebi um convite da amiga Pati Dias para uma postagem coletiva, com o objetivo de contarmos um pouco da nossa história como leitores. Tenho escrito algumas postagens sobre minha vida de escritora, e acredito que tudo começou com meu amor pelos livros, então me animei. Obrigada Pati pelo convite! Escolhi essa foto para abrir o post. Ela não é atual (2007) mas traduz quase integralmente como me sinto quando leio. Livre, serena, tranquila, em paz! Independente do gênero a leitura me dá o melhor de mim.


Bom, e como começaram minhas leituras? Eu comecei a ler bem pequena. Tinha cinco anos quando minha mãe me ensinou a ler, ao pé do fogão a lenha, com uma dessas cartilhas de alfabetização. Puxando do meu baú de memórias pelo desenho da capa e levando em conta que aprendi a ler na década de 80, então acho que mais provável seja essa maiorzinha aí.


Eu aprendi rápido e antes de entrar na escola já lia anúncios, placas, folhetos e foi então que comecei com os gibis. Quando entrei na pré-escola já lia gibis muito que bem. E adorava! Considero os gibis minhas primeiras leituras. Os preferidos eram da Luluzinha (tem um post sobre isso aqui), Turma da Mônica, Tio Patinhas (amava as brigas dele com a Maga Patalógika!), Pato Donald, Recruta Zero (sim, eu ria muito!!) e aqueles especiais da Disney que compilavam histórias com um determinado tema (Os motoristas, Os espiões, Os sortudos, Os namorados, entre muitos outros!).


Ah! Um detalhe importantíssimo! Meu pai era caminhoneiro e minha mãe dona de casa. Então, financeiramente (e só nesse sentido!) minha infância pode ser classificada como pobre, então obviamente meus pais não tinham condições de comprar livros para mim. Isso na época era artigo de luxo! Então tudo que eu li até aproximadamente meus 15 anos (quando comecei a trabalhar), ou ganhei de presente ou era emprestado, como é o caso da foto abaixo. Com o gancho do gosto pelos gibis, comecei a ler temas mais extensos, como os livros da Biblioteca do Escoteiro Mirim (quer relembrar? está aqui)! Minha irmã era casada e já ela vivia com seu marido uma fase financeira bem estável. Então meus sobrinhos (com pouca diferença de idade comigo) tiveram o privilégio de ganhar gibis e livros, me estendendo o privilégio também, porque eu emprestava sempre que queria. Essa é uma lembrança que tenho de muita gratidão com a vida, porque apesar de não possuir muita coisa, ainda assim, tinha muita coisa ao meu alcance. =)


Com esse livro aí embaixo começou meu amor pelos contos de fadas! Lembro que ganhei mas não lembro de quem, porque na época as pessoas começaram a reparar que eu amava ler e eu comecei a ganhar livros de presente. Uma das pessoas que me presenteava muito era a filha da nossa vizinha (depois ela acabou sendo minha madrinha de Crisma), que também foi uma das pessoas que me inspirou no vício da leitura. Ela era uns oito anos mais velha que eu e adorava ler. Então eu vivia na sua casa e me sentia como a "menina que roubava livros" na casa da mulher do prefeito (quem leu vai saber)! Foi por aí que ganhei o meu primeiro livro da Alice, que hoje está bem desmontadinho, e mostrei nessa postagem aqui.


Tudo que contei foi mais ou menos até meus dez anos. Depois, a leitura evoluiu muito rápido. Dos 10 aos 12 anos era viciada em Monteiro Lobato (li todos da Biblioteca da escola) e na Série Vagalume. Li muitos da série, de vários gêneros e autores. E foi com a série que começou meu interesse pelo gênero policial (uma das preferências de leitura que perdura até hoje), com os livros do Marcos Rey. Para ler Agatha Christie foi um pulo! E então veio uma fase tensa. Com 14 anos, eu lia um livro da Agatha Christie em uma tarde! Hahaha! Lembro que nos dias quentes, eu chegava da aula, ajudava minha mãe com as tarefas de casa e estendia um lençol na grama para ler. Quando via, já estava anoitecendo! Minha mãe me incentivou muito nos estudos mas confesso que quando ela descobriu que eu lia aceleradamente livros sobre investigação de assassinatos, levei altas broncas, quase suspendeu minhas leituras...rs. 


Então terminei o Ensino Fundamental e comecei o Ensino Médio. Desde que eu tinha 9 anos meu pai descobriu que estava com câncer e a situação financeira só piorou. Aos 15 iniciei um curso técnico que me permitisse fazer estágio e comecei a trabalhar. Aos 19 perdi meu pai e confesso que nesse meio tempo não lembro das leituras que fiz, porque minha vida praticamente se alternou entre o CTG (Centro de Tradições Gaúchas onde eu aprendi a dançar e depois acabei dando aulas de dança por um tempo) e os momentos críticos na família com a doença do pai. Foi um período de muitas lembranças felizes e tristes, mas de poucas leituras.


Depois que perdi meu pai, comecei a primeira faculdade e lembro de voltar a ler com muita força, além dos livros técnicos da faculdade, eu lia muito Sidney Sheldon, John Grisham e Paulo Coelho. Sim! Muita gente critica ele mas eu o admiro! Na minha opinião sua escrita é simples, sem rodeios, e ao mesmo tempo, mágica e tocante. Talvez eu sinta isso porque "O Alquimista", um de seus maiores sucessos, eu considero um dos livros que mudou minha vida. E isso dá assunto para uma postagem.


Terminei minha primeira faculdade em 2000, mas em 2001 iniciei outra. E enquanto isso veio o quê? A febre de Harry Potter! E sim, eu li Harry Potter com mais de 20 anos ué! E me encantei! Me descobri! Foi quando as inspirações para as histórias começaram a retornar com tudo da época da adolescência. E foi também quando mergulhei com tudo na literatura fantástica. Uma das séries que li na sequência (em meio a tantos outros) e que marcou muito foi Fronteiras do Universo, de Philip Pullman, que depois virou filme e foi uma eca total! Eu recomendo os livros, são fantásticos!


Em meados de 2002 também descobri "O Senhor dos Anéis" e toda a mitologia de Tolkien, tornando-o uma das minhas inspirações literárias até hoje. Seus livros marcaram uma época da minha vida, onde Frodo e sua comitiva fizeram parte das capas dos meus cadernos, mouse pads, canetas, wallpapers de computador. Marcaram tanto que mais de 10 anos depois (2014) conheci meu atual marido falando sobre Tolkien. Posso dizer que foi uma das melhores leituras da minha vida!


Aliás, se eu citar todas as leituras que marcaram (e mudaram!) minha vida, esse post terá um fim daqui há alguns dias somente...rs. Aqui coloquei um histórico bem superficial da minha trajetória de leitora. Poderia citar muitos autores, títulos, gêneros e curiosidades da minha vida de leitora, mas por enquanto fico por aqui. Se ainda assim se interessarem e quiserem mais, na série EU LI vocês encontram muitas das leituras atuais, inclusive minha paixão atual decorrente da faculdade de Letras, os clássicos. Descobrindo o que realmente faz de um livro tornar-se um clássico e a cada dia mais interessada neles!

E recomendo que passem na Casinha de Livro e no Ipsis Litteris. Garanto que a Pati e a Nice também tem muita história para contar sobre como se tornaram leitoras. =)

Beijos!

1 comentários:

Patrícia Dias disse...

Ale,

Adorei conhecer a sua trajetória, com momentos tristes e felizes, pq assim é a vida! Temos mesmo muitas leituras em comum, mas eu não li praticamente nada de literatura fantástica... Quem sabe comece agora lendo para os meus filhos.
Muito bom relembrar e perceber o quanto a leitura foi e ainda é transformadora em nossas vidas.
ah! E tbem tenho a mesma opinião sobre Paulo Coelho.

Bjs,